Finalmente,
quando o sinal toca, me dirijo a porta da saída da escola e entro na perua. Estava cansada pois o dia havia sido muito puxado, mas ao mesmo tempo foi legal. Encosto a minha cabeça na janela e fico ali pensando na minha escola antiga, nos meus amigos, até a perua começar a andar.
Procuro algo de interessante na rua, para fazer uma crônica. A perua já parou
três vezes, para deixar três pessoas e nada que eu observo me chama a atenção,
algo que eu possa considerar interessante, nada. Mais e mais pessoas descem e
eu ainda estava ali, apenas observando. Chega minha vez de descer. Acabo de
chegar na portaria de meu prédio e ainda não tinha assunto algum para fazer uma
crônica. Mas então vejo algo que me chama a atenção. Logo bem no começo da
calçada surge um senhor de idade. Devia ter bem uns sessenta, setenta anos...
Lá estava ele, todo empolgado, correndo com seus dois cachorros. Eles eram bem
grandes, e com grandes pelos. Eram muito bonitos. O senhor corria com tanta
vontade... Ouvia música em seus fones de ouvido, e na sua mão direita segurava
as coleiras de seus dois cachorros. Ele parecia cantar uma música, que certamente
seria a que estava ouvindo. Aposto que muitos idosos já nesta idade são
incapazes de fazer muitas coisas, mas esse não! Quem dera viver assim para
sempre, nessa alegria, energia, vontade e empolgação. O senhor passa por mim,
da um sorriso e fala "boa tarde". Retribuo o sorriso e digo o mesmo a
ele. Ele continua correndo. O observo até o fim da rua. Quando ele está quase
virando a esquina, vira para mim para ver se eu ainda estava lá. Quando me vê,
da um aceno, e então não consigo mais vê-lo. Ele se foi.